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Foto do escritorGabriela Evangelista

Saúde Mental nas empresas: um imperativo estratégico

O cuidado com a saúde mental dos colaboradores dentro das organizações tem ganhado uma relevância crescente nos últimos anos, a ponto de se transformar num dos seus maiores desafios. Isso não é por acaso: as organizações começaram a perceber que ela impacta diretamente sua produtividade, engajamento e até mesmo a reputação corporativa. Sem contar que, organizações que pensam, sentem e trabalham sua própria sustentabilidade, aquelas que operam dentro da “nova economia”, assimilam essa questão dentro dos seus princípios fundamentais.


Para entender por que o cuidado com saúde mental ganhou tanto espaço dentro de ambientes corporativos, talvez seja necessário começar por acompanhar a evolução que a própria definição de saúde (e de saúde mental) sofreu ao longo do tempo. De “ausência de doença” para “completo bem-estar físico, mental e social”, a OMS (Organização Mundial da Saúde) já desenha a necessidade de um olhar mais amplo para a questão, integrando a importância das relações e do ambiente. Se olhamos para a definição de saúde mental propriamente dita, a OMS traz conceitos como “saber lidar com os desafios da vida”, “aprender bem” e “trabalhar bem”, o que indica um caminho interessante com pilares como aprendizado e trabalho. Ainda sobre definições, para nós da Escola Humana, saúde não é um conceito fragmentado e sim, interligado de fatores. É necessário um olhar integral, holístico, capaz de acompanhar uma constante busca de equilíbrio interno e externo. Nesse sentido, acompanhamos o trabalho de autores como Fritjof Capra, Aaron Antonovsky, Urie Bronfenbrenner e outros, que focam no movimento dinâmico na busca desse equilíbrio. O ambiente de trabalho, com toda a sua complexidade e interligações de fatores, ganha cada vez mais importância quando o assunto é o estímulo à prevenção e manutenção da saúde mental de pessoas que fazem parte de um sistema (empresa).


E sim, na medida em que a complexidade se manifesta num crescente quase absurdo, num mundo incerto e não-linear, com desafios globais urgentes e pandemias disruptivas, os transtornos mentais aparecem com maior frequência e intensidade. O Brasil é considerado pela OMS como sendo o país mais ansioso do mundo, o quinto em depressão e o segundo em burnout. Falando neste último, tivemos um aumento de 1.000% de casos em apenas uma década. Segundo o Ministério da Previdência Social 40% da população economicamente ativa sofre de burnout (e este número pode até ser maior, uma vez que as estatísticas consideram apenas os casos de afastamento com mais de 15 dias). Vale ressaltar aqui que o burnout é reconhecido pela OMS como doença oriunda do trabalho desde 2022, o que nos leva novamente aos ambientes corporativos e seu papel protagonista na saúde dos seus funcionários.


Mas a crise é mundial e estrutural: em 2019 eram 1 bilhão de pessoas vivendo com transtornos mentais no mundo sendo esta a terceira maior causa de afastamento do trabalho e, segundo projeções, já caminhando para ocupar os primeiros lugares (só no Brasil são 27 pessoas afastadas do trabalho por dia devido a algum tipo de transtorno mental). Essa realidade global escancara o mapa das desigualdades: a OMS também aponta que 70% das pessoas que apresentam transtornos mentais recebem algum tipo de cuidado ou tratamento nos países mais ricos. Já, quando se trata de países pobres, esse número cai para apenas 12%. A questão levou os 194 países membros da OMS a assinarem o Plano de Ação Integral de Saúde Mental com metas específicas para 2030. Esse compromisso convida os países a olharem para a saúde mental focando em 3 pontos principais: 1) Aprofundar e aumentar a atenção ao tema, aumentando também investimentos nele; 2) Diversificar a oferta de cuidados retirando de hospitais psiquiátricos a principal custódia e 3) Reorganizar os ambientes que influenciam a saúde mental como lares e, evidentemente, locais de trabalho.


A verdade é que saúde mental é um direito humano fundamental e ponto. Portanto, empresas que não enxergam esse fato estão, literalmente, violando esse direito!

Só isso seria suficiente para que as organizações repensassem suas práticas. Mas podemos apontar outros motivadores, cada um com seus impactos. Desde o ponto de vista econômico, a perda com produtividade como resultado de transtornos mentais é gigantesca. A economia mundial perde 1 trilhão de dólares por ano com esta causa e a estimativa é que a cifra chegue até 6 trilhões em 2030. Podemos somar a isso o fato de fundos de investimento como ESG retirarem sua participação de empresas que se afastam das boas práticas no pilar social, que evidentemente inclui programas de manutenção da saúde mental dos seus colaboradores.


Se levamos em conta os impactos legais, a partir do momento que o burnout foi considerado uma doença do trabalho, as empresas estão sujeitas a demandas trabalhistas importantes se negligenciarem essa questão. Ainda falando de obrigações legais, recentemente a NR 1 sofreu uma alteração, obrigando a inclusão de fatores psicossociais nos relatórios de gerenciamento de riscos das empresas.

Podemos apontar ainda mais um impacto, que é o da construção da “reputação”. Envolver a empresa em demandas trabalhistas por transtornos mentais impacta essa construção e, por outro lado, as empresas que seriamente se voltarem para o desenvolvimento consistente de programas de saúde e qualidade de vida poderão se beneficiar de um reconhecimento sendo certificada como “Empresa Promotora de Saúde Mental” pela recente lei federal 14.831.


Portanto, investimento na saúde mental de colaboradores é uma questão imperativa e estratégica para as organizações, podendo até se transformar naturalmente em diferencial de maneira saudável.


E o que efetivamente as empresas precisam e podem fazer para se engajar nesse movimento? Vamos deixar claro que não serão ações pontuais que levarão à mudança necessária. Estamos falando de uma verdadeira transformação cultural. Dentre vários caminhos plausíveis, aqui na Escola Humana escolhemos nos aprofundar em dois: a construção e manutenção de ambientes psicologicamente seguros e a construção e manutenção de uma cultura corporativa de aprendizagem, que considera as organizações como espaços de trocas e desenvolvimento constante. Para isso, disponibilizamos algumas alternativas. Em primeiro lugar, desenvolvemos uma consultoria específica para ajudar organizações a implementarem os programas necessários para obterem a certificação federal como “Empresas Promotoras de Saúde Mental”. Também organizamos e aplicamos oficinas de humanidades (intervenções) que tratam essa questão de maneira profunda e ao mesmo tempo, prazerosa, como o “Chá com Arte” e a Oficina de Gestão das Emoções, entre outras.


E, para poder ajudar a capacitar líderes, gestores, consultores organizacionais  e profissionais de desenvolvimento humano desenvolvemos o curso “Saúde Mental e Segurança Psicológica” que está com inscrições abertas! O curso acontecerá de 22/10 a 03/12, sempre às terças-feiras das 19h00 às 22h00. São 7 encontros on-line e ao vivo com conteúdo teórico e vivências. As aulas permanecem gravadas na nossa plataforma de aprendizagem durante 6 meses para poder revisitar os conteúdos. Visite a página do curso neste link https://www.escolahumana.com/curso-saude-mental-e-seguranca-psicologica e faça sua inscrição!


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